E o assunto de hoje é comparar atletas no geral, no caso comparar os atletas brasileiros com os Top mundiais. E claro, isso pode ser feito de muitas maneiras e com diferentes pontos de vista e cultura, então aqui vai apenas algumas colocações de quem tem acompanhado desde 2008 as mudanças das competições, provas, formato dos eventos e claro dos atletas mundiais. E envolvido como organizador de alguns eventos de CrossFit desde o 1o Regional da América Latina e América Central de 2009 até o Torneio CrossFit Brasil, acho que tenho também uma certa bagagem para dizer o quanto mudou localmente algumas características.
Sei que minhas palavras vão até parecer rudes e podem ser mal-vistas, mas vão ser colocações sinceras e imparciais de alguém que sempre quis ver (e ajudou um pouquinho) o melhor do que a CrossFit pode ter. Vamos lá então.
Primeiro que não dá para começar sem comparar números meio que absolutos, e nem quero me aprofundar muito nesse item pois já é batido e muito claro e acessível para todos já que nossos atletas têm competido em eventos internacionais já há algum tempo. Enfim, os atletas brasileiros (se não os Latino-americanos como um todo) ainda estão um pouco longe dos top mundiais tanto em cargas de movimentos (Arranco, Arremesso, Agachamento, Terra, etc) quanto em repetições por minuto ou por tempo de provas. Isso ficou ainda mais visível quando nesse ano participamos do Regionals já unificado com a região Sul dos Estados Unidos.
Foi uma competição em que tínhamos 50 atletas individuais de cada categoria e 40 equipes, onde haviam apenas 3 vagas e a melhor colocação possível foi a da Antonelli em 21o lugar, com quase metade dos pontos das 3 convocadas. Já foi um resultado impressionante, claro, ainda mais quando podemos comparar com alguém que já temos como referência de “como ela faz isso?”, porém mostra que ainda temos muito a melhorar, ou melhor, massificar.
É claro que a seleção natural faz parte, e os números dos atletas são facilmente identificáveis de longe quando vemos a diferença de preparo e resultado. É só colocar alguns dos melhores atletas mundiais lado a lado com os nossos que vemos claramente as diferenças. Em geral eles têm uns 10 a mais de músculo assim como 10 horas a mais disponível para se dedicarem a seus treinos e resultados.
Mas nesse ponto também acho que estamos caminhando naturalmente pela mesma evolução do resto do mundo, onde os atletas foram melhorando de ano a ano em seus próprios resultados chegando provavelmente em um patamar onde vamos ter vários países brigando pelas mesmas provas de igual para igual.
Mas daí vem alguns problemas culturais e financeiros, pois para os atletas evoluirem é preciso estrutura e dinheiro, e isso é muito difícil em um país onde raramente alguém consegue ganhar dinheiro suficiente apenas para se dedicar a ser atleta, ou até mesmo para ter um nível de trabalho que não influencie em seus treinos.
As empresas no Brasil já não são conhecidas por investirem em mercados novos e nem mesmo investirem grandes quantias de uma só vez, e junta-se a isso a atual recessão e mais o biênio “Copa-Olimpíadas” e tem-se a receita certa para não ser o melhor momento de se conseguir bons patrocínios para um atleta crescer.
Nesse ponto entra a minha ressalva cultural em que os atletas também têm parcela de culpa nisso, pois grande parte dos atletas brasileiros não tem conhecimento para saber lidar com empresas, e acabam sendo “ludibriados” pela fantasia da “imagem é tudo”, onde atletas acabam preferindo ganhar produtos ou virarem representantes comerciais (entenda-se vendedor) do que aprenderem a virar a cara e só aceitarem patrocínio em dinheiro.
Daí começa a se formar um ciclo vicioso onde o atleta aceita qualquer coisa só para dizer que tem patrocínio, para daí aparecer mais na mídia e sempre ter um sonho eterno de um dia ser descoberto por uma empresa maior. Só que daí as empresas ficam viciadas em não soltar dinheiro e vão sempre negociar apenas com aquele que aceita um vínculo a troco de banana, ou proteína, ou camiseta, sei lá.
Se todos os atletas brasileiros soubessem negociar, talvez as empresas não jogariam tão baixo com eles a ponto de um boné na cabeça comprar o pódio de um atleta. Amadorismo e malandragem andando de mãos juntas.
Por outro lado existe um problema cultural muito grande também que é exatamente o já citado “imagem é tudo”, onde competidores começam a se sentir deuses de acordo com a quantidade de seguidores nas mídias sociais, e com isso se sentem acima de algumas regras e situações.
A postura do atleta brasileiro é como a postura do chamado “novo rico” ou do “artista famoso”, pois mal começou a ficar conhecido e já acha que pode sair sem pagar conta do restaurante, ou que pode estacionar em qualquer lugar ou mesmo tratar as pessoas como bem entender.
Alguns atletas (ainda bem que não todos) encaram eventos e organizadores achando que são donos da verdade e que não erram, que a sua execução é perfeita, que sempre é injustiçado (complexo de perseguição) e para piorar, ainda querem controlar a prova e julgamento dos outros atletas para usar como desculpa para seu próprio resultado.
E isso faz parte da nossa cultura brasileira de se dar um jeitinho e se vencer no grito. Quantas vezes vocês viram em alguma competição internacional de nível um atleta brigar ou xingar um árbitro? Ou a organização? Ou alguém do público brigar e querer invadir um evento para bater em um árbitro? Lembrem-se, o público é sempre formado de praticantes de CrossFit também, e muitas vezes de treinadores. E a quantidade de atletas e treinadores “dedo-duros” sobre as avaliações de um árbitro de outro atleta?
Esse tipo de postura sem respeito para com os outros no meu ponto de vista também é um dos motivos do atraso de evolução de treino, pois o atleta muitas vezes está mais preocupado em se colocar como o certo de uma história (EGO), ao invés de acatar decisões e aprender a continuar em frente.
Acho que nossos atletas ainda precisam amadurecer muito como pessoas para só assim as empresas confiarem mais neles e eles terem mais tempo e energia para focar no que realmente interessa, o seu desempenho.
Mas nem tudo são reclamações, como eu disse ontem, devem ser críticas construtivas. E mais ainda, realmente não apenas o nível competitivo melhorou no Brasil, mas como também novos atletas têm aparecido e aqueles que estão a mais tempo competindo acabam mostrando que experiência e paciência é uma virtude que leva a resultados.
Espero realmente um dia poder ver mais atletas chegando em competições internacionais e fazendo bonito. Mas espero também que esses atletas não tenham chego apenas por sorte ou mérito pessoal, mas que toda a estrutura tenha propiciado ele e muitos outros a também chegarem lá.
E para completar a pegada de ontem e detonar as pernas e ante-braços de vez… bom treino.
TÉCNICA
Unidade 1 - Skill (one arm swing, Clean, H2H Swing Clean)
EMOM 15′
Min 1 – 10 H2H Swing Clean
Min 2 – 10 Box jump
Min 3 – REST
Unidade 2 - Skill Toes to Bar
EMOM 15′
Min 1 – 10 Box over
Min 2 – 12 T2B/Knees High
Min 3 – REST
WOD - WOD CUP
FITNESS
3 RDS of:
30 Squat com KB 20/12kg
15 Pull Up
10 Hang Power Clean 40/20kg
PERFORMANCE
3 RDS of:
30 Pistol
!5 C2B Pull Up
10 Hang Power Clean 50/35kg
TIME CAP 09min.
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